O Triste Fim do Fiel da Balança

Sobre o jogo entre Paulista e Corinthians, a partida foi boa, e um empate com gols seria mais justo. Pronto, só isso que tenho pra falar sobre a partida, o que eu quero falar mesmo é de outra coisa, coisa grande, a aposentadoria do Ronaldo.

Para deixar bem claro, eu respeito e vou respeitar sempre o passado do Ronaldo, foi simplesmente brilhante. Mas, o meu comentário é mais sobre sua passagem pelo Corinthians. E outra, este texto está sendo feito caso o Ronaldo realmente se aposente.

Começando pelo começo. O Ronaldo parou de jogar futebol. E só por isso eu devo falar bem dele? Só por isso eu devo esquecer que ele jogou estes últimos anos acima do peso? Muitas de suas partidas beiraram o ridículo, foram cenas patéticas e tristes para um jogador que já foi o melhor do mundo.

Um “atleta” com privilégios e que fez o que bem entendeu no clube. Isso eu não respeito e não aceito, muito menos puxo o saco. Estou mantendo minha coerência, estas minhas palavras são até mesmo repetidas e insistentes. Fui uma voz quase única, felizmente quase. Fazendo uma analogia, um pouco estranha, quando um político corrupto morre, ele vira santo, todos os defeitos somem. Está acontecendo algo parecido com o Ronaldo, agora ele não tem mais nenhum erro na sua carreira. Todos sabem que não é bem assim.

Partidas normais e nada extraordinárias, assim foi Ronaldo no Corinthians. Não me empolguei e nem achei que o gênio estava de volta. Passes para o lado nunca me convenceram.

O Ronaldo é fã da Globo, e para esta emissora deu todos os depoimentos e entrevistas possíveis. Nada contra, ele fala pra quem quiser, mas pra mim as entrevistas dele nunca me fizeram falta. Nunca perdi o sono por isso, e muito menos porque ele não gosta de rádio. Também nunca recebi um telefonema do craque (atualmente normal) querendo falar comigo, acho que meus questionamentos seriam um pouco mais duro, e isso poderia incomodar o “pequeno garoto”. E deve ter sido coincidência a entrevista coletiva do anuncio da aposentadoria ser no horário do Globo Esporte.

Quando eu falar do Ronaldo para os meus filhos, vou comentar sempre em duas partes, a boa e a ruim. Vou lembrar de momentos magníficos e de cenas que eu preferia não ter visto (e que algumas vezes me causou vergonha alheia).

Queria ter visto o Ronaldo sempre jogando em alto nível, mas ele preferiu me mostrar também o seu lado ruim de bola, o seu lado jogador comum que atrapalha o time. O Fenômeno com o tempo perdeu velocidade, até pra aposentar foi em ritmo lento.

Sai o jogador de cena e entra o mito, mas com alguns asteriscos e momentos que poderiam ser evitados. O fim pode ser um recomeço, mesmo para o Ronaldo, que deveria ter parado quando tentou recomeçar pela última vez.