segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Todos Os Homens do Jornalismo

Este texto foi escrito para um trabalho de faculdade. Como a professora gostou, estou publicando no Blog do Torva.

Letícia Cruz
Marcio Torvano
Todos Os Homens do Jornalismo

Mudar o mundo através do jornalismo: este é o sonho de muitos estudantes quando entram na faculdade. Talvez por não conhecerem todos os meandros da profissão, estes novos sonhadores mergulham em um mundo onde nem tudo que reluz é ouro. Mesmo após os quatro anos de estudo, não há como se decifrar todas as dúvidas, principalmente as "mais frequentes". Engana-se quem pensa que sabe.


Machado de Assis que não nos escute, mas a realidade jornalística não salta aos olhos dos menos apaixonados. Já começam as discrepâncias: em um mundo de redes sociais e dinamismo em 140 caracteres, não há mais espaço para textos rebuscados e cheios de detalhes e importâncias. Afinal, não há mais tempo para isso.


Existe sim, lugar para o lirismo ainda. Porém, cada vez menos espaço lhe é reservado. Talvez, em uma página ou outra de alguma revista, escritos sempre por jornalistas já experientes e calejados da profissão. Não há espaço (ou interesse) para que os novos jornalistas aprendam a expressar-se de maneira mais envolvente. Em muitos casos, nem escrever um texto conciso é possível.


No filme “Todos os Homens do Presidente”, de 1976, dois jornalistas, Robert Woodward (Robert Redford, na época em que era o Brad Pitt do seu tempo) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman), que apuravam a invasão de um prédio, Watergate, acabaram descobrindo um grande esquema de espionagem. O resultado da reportagem foi a queda do presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon. Lembrando que o filme foi inspirado em fatos reais, mesmo romantizado, ele mostra todo o processo de apuração e busca pela verdade, apesar de alguns percalços.


Mas todo jornalista tem liberdade para realizar uma matéria? E os interesses da empresa? Neste momento, as palavras imprensa e empresa não são apenas parecidas, elas quase se misturam. Nas redações, nas rádios, nas televisões, sempre existem os interesses (políticos, empresariais, e até mesmo publicitários), o jornalista tem que seguir a linha editorial da empresa e não pode ao seu mero prazer decidir o que é ou não uma notícia pertinente ao público.


Além de tudo isso, a não obrigatoriedade do diploma de jornalista leva muitas pessoas a terem dúvidas se vale a pena ou não seguir esta carreira. O doutor em Ciências da Comunicação e professor de jornalismo da Escola de Comunicação e Artes, da Universidade de São Paulo, Manuel Carlos Chaparro é um estudioso da profissão, e costuma sempre comentar este e outros assuntos relativos à profissão. Chaparro foi perguntado por uma internauta em seu site,
www.oxisdaquestao.com.br, se vale a pena ser jornalista. Ele, então, respondeu:


“Você está preocupada com o sucesso pessoal na profissão e com a possibilidade de nela alcançar estabilidade financeira. E eu lhe respondo: na sua idade, o que mais importa é definir um ideal que dê rumo ético à vida. Ganhar dinheiro e conquistar prestígio não devem ser objetivos prioritários. A estabilidade financeira e o sucesso virão, mas por decorrência da qualidade das suas escolhas e da sua entrega à profissão escolhida”.


Com o avanço tecnológico, as mídias sociais ganharam espaço, e todo o lado romântico do jornalismo está se transferindo para a tela do computador. Jornalistas e não jornalistas ganharam um espaço precioso no mundo virtual, onde a realidade e a fantasia se relacionam de um modo perigoso e atraente.


Na internet qualquer um pode colocar, produzir e até mesmo inventar uma notícia. O mundo virtual potencializou o jornalismo. Uma vez digitada, a informação percorre os principais cantos do mundo de forma rápida e por um caminho sem volta.


O jornalismo romântico, na internet, perde um pouco da sua essência quando ele se torna “virtual”. Ao mesmo tempo, aquele jornalismo sério de redação fica um pouco mais leve. A professora e pesquisadora do Curso de Comunicação Social da UCPel (Universidade Católica de Pelotas) Raquel Recuero fala algo curioso sobre o twitter: “Quanto mais gente adota a ferramenta, maior é a dificuldade de acompanhar aquilo que está sendo dito. Com o crescimento, a rede tende a se complexificar, com mais gente seguindo mais gente”.


O jornalismo evolui a cada dia. Quem está no mercado das redações consegue interpretar bem o que acontece no dia a dia, tem uma total visão de mundo e da realidade nua e crua dos meios de comunicação. Já o estudante, principalmente quem está ingressando no meio acadêmico, cria em sua mente sonhos, desejos principalmente a vontade de mudar o mundo com o poder das suas palavras. Cabe, neste momento, ao professor mostrar, ensinar e trilhar junto com o aluno o caminho das pedras.


Não tem preço, para qualquer pessoa, ver sua matéria publicada, seu texto gravado, ou mesmo sua ideia colocada no ar. Ser jornalista é ser romântico, frio, calculista, cruel, e até mesmo, chato. Tudo ao mesmo tempo e se adaptando às diversas situações que são designadas.

3 comentários:

Rogério Lagos disse...

Torva, texto do caralho, na boa! Parabéns a você a a Letícia!
abraço!

Felipe Lima disse...

jornalista bom são aqueles q nao aparecem. mostram o seu trabalho, repercute, e sai atras de novas historias.

SABIA disse...

mudar o mundo na minha opinião não é função do jornalista..ele apenas mostra os fatos e cada um interpreta da maneira que entende.. O ruim é quando o jornalista se emociona, coloca suas ideias no meio da noticia, e vira um revolucionario... concordo com o felipe lima que diz que "jornalista bom são aqueles q nao aparecem. mostram o seu trabalho, repercute, e sai atras de novas historias."...A crtica deve ficar somente no intimo do jornalista que deve passar a informação e a repercussão fica a cargo de que le e se mantém informado... Essa é só a minha opinião e talvez não tenha tanta propriedade para comentar este assunto pois só tenho o ensino médio.... Um abraço torva !!