sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Um minuto de silêncio para o rádio


O rádio esportivo de São Paulo está sendo censurado, ele está sendo privado de realizar o seu trabalho. As emissoras de televisão que tem os direitos de transmissão dos jogos de futebol não querem a presença de profissionais do meio radiofônico em alguns locais do estádio.

A televisão tem todo o direito de cobrar um valor para as rádios transmitirem os jogos, mas enquanto nada é cobrado, é ridículo o que está acontecendo. Para quem não está por dentro das mudanças, vou explicar.
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Antes:

Os repórteres tinham o direito de entrevistar os treinadores antes da partida (sem entrar no gramado);

No intervalo dos jogos as entrevistas eram realizadas na porta do vestiário (sem entrar no gramado);

No final das partidas as entrevistas eram livres, os profissionais de rádio entravam no campo de jogo e escolhiam quem entrevistar;

Nos vestiários os repórteres também eram livres para ficarem em qualquer setor e realizar seu trabalho;

Agora:

Antes dos jogos os repórteres não podem entrevistar ninguém;

No intervalo das partidas estão proibidas as entrevistas, o ouvinte de rádio fica sem o depoimento dos seus ídolos;

No final da partida os repórteres podem entrevistar os jogadores somente na entrada do vestiário (sem entrar no gramado);

Nos vestiários o profissional de rádio é obrigado a ficar em uma zona mista, que muitas vezes não tem espaço e o jornalista sofre para conseguir realizar seu trabalho de forma digna.
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Quem perde mais com tudo isso? Claro, o ouvinte, a razão de viver do rádio. As emissoras nunca estiveram bem das pernas, e nunca foram a melhor fatia do mercado publicitário, e do jeito que está, vai ficar cada dia pior.

A agilidade do rádio é algo incrível, e quase todas as informações que agitam uma partida de futebol são levantadas e descobertas por profissionais do meio radiofônico, e com estas proibições passa uma impressão que a televisão não quer concorrência, que somente ela quer descobrir as notícias. Os repórteres de rádio são muito mais incisivos na hora de perguntar, não bajulam jogadores e dirigentes, e isso também parece incomodar muita gente.

Demorei quase trinta anos para realizar meu sonho de entrar no rádio, e não quero sair dele tão cedo, mas me preocupa muito tudo o que está acontecendo, pois além do meu emprego, não quero ver grandes profissionais fora do mercado. Faço uma sugestão, na próxima rodada do campeonato paulista sugiro um minuto de silêncio para o rádio.

2 comentários:

Fabio Reis disse...

Vergonha!!
Aondi esta a A.C.E.E.S.P.?aceitou essa imposiçao e a AESP(associaçao das emissoras de radio e televisao do estado de Sao Paulo??
As radios tem que se unir antes que o radio morra!!
A tv nao ira conseguir cobrir tudo sozinha e o radio ajuda e muito a divulgar os clubes,mais a FPF só pensa no dinheiro e nao nos clubes.

Anônimo disse...

Censura não só ao rádio, à imprensa, à expressão, aos direitos do cidadão que acompanha futebol em ser informado... nada é mais rídiculo que isso! Estão querendo acabar com o trabalho de reportagem de campo, uma das práticas mais aintigas, genuínas e lindas do jornalismo esportivo? Não faltava mais nada ao futebol brasiliero!